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Identidade de Gênero e Orientação Sexual: Uma Conversa com o Psicólogo Wanderson Arão

Por Vaybe do Brasil


Hoje, temos o prazer de conversar com o psicólogo Wanderson Arão, formado pela Universidade Federal do Maranhão e atualmente cursando pós-graduação em Avaliação Psicológica e Terapia Cognitivo-Comportamental. Wanderson se dedica ao atendimento de adultos com demandas de ansiedade, depressão, angústia, relacionamentos e, especialmente, à comunidade LGBTQIAPN+. Nesta entrevista, ele nos ajuda a entender melhor os conceitos de identidade de gênero e orientação sexual, além dos desafios enfrentados por aqueles que exploram ou afirmam suas identidades.


Wanderson Arão explica que identidade de gênero é como uma pessoa se identifica em sua vivência e seu papel de gênero, independente do seu sexo biológico. Nesse conceito, temos também a classificação “cisgênero” e “transgênero”. O primeiro é quando o sexo biológico e a identidade de gênero são convergentes, por exemplo, uma pessoa que nasce biologicamente homem e também se identifica como tal, é um homem cisgênero. Já uma pessoa que nasce biologicamente mulher, mas se identifica como homem em sua identidade de gênero, é um homem transgênero. Vale ressaltar também que existem outras identidades de gênero, como os não-binários, que não se identificam com o dualismo “homem” e “mulher”.


Sobre orientação sexual, Wanderson esclarece que está ligada a quem uma pessoa se atrai romântica e sexualmente. Temos a heterossexualidade, que é quando uma pessoa se atrai pelo gênero oposto, a homossexualidade, quando o indivíduo se atrai por outros do mesmo gênero, os bissexuais que se atraem por homens e mulheres, os pansexuais que se atraem por pessoas independente de seu gênero (incluindo não binários, pessoas de gênero fluido…).


Wanderson destaca que o principal desafio enfrentado por essas pessoas é o preconceito. Vivemos numa sociedade pautada em valores conservadores, o que faz com que tudo o que foge do tradicionalismo acabe sendo atacado. A pessoa que se identifica como homossexual, por exemplo, vai ter medo de ser discriminada, de sofrer preconceito na rua, de ser agredida. E o Brasil é um dos países mais complicados de se viver para quem é uma pessoa LGBTQIAPN+.


Além do preconceito externo, Wanderson menciona o conflito interno como um desafio significativo. É muito comum que, no início, o indivíduo sinta uma espécie de estranhamento ao perceber que se atrai por alguém do mesmo sexo ou ao se entender como pessoa transgênero, porque é ensinado desde cedo que isso é “errado”. Então, é complexo vencer tais barreiras.


A terapia afirmativa tem como foco ajudar indivíduos LGBTQIAPN+ a enfrentarem questões relacionadas à identidade de gênero e orientação sexual. Primeiramente, é importante destacar que deve haver acolhimento, para que a pessoa sinta que a terapia é um ambiente seguro, sem julgamentos, onde ela possa discutir suas experiências. A terapia promove orientação sobre a exploração da sexualidade e como isso influencia a vida da pessoa. Também ajuda a combater traumas decorrentes da discriminação, como bullying e rejeição, e promove a autoestima, muitas vezes prejudicada por um histórico de trauma. Além disso, a terapia auxilia na desconstrução de preconceitos internalizados, pois muitas vezes a pessoa não se aceita como é. E também é muito útil em casos de transição de gênero, ajudando a pessoa a decidir sobre esse processo e suas implicações.


Wanderson, que segue a abordagem cognitivo-comportamental, explica que essa abordagem é muito voltada para pensamentos automáticos, distorções cognitivas e crenças centrais. Trabalhamos com um viés muito prático, como planos de ação e deveres de casa. Já atendi uma pessoa que estava questionando sua identidade de gênero, se continuava se entendendo como homem (seu sexo biológico) ou se estava se descobrindo como mulher trans. Nesses casos, é importante utilizar técnicas como o questionamento socrático, que usa cenários hipotéticos para que a pessoa possa se visualizar, e até mesmo propostas práticas, como pedir que ela utilize um acessório feminino e verificar como se sente usando o adereço. Tudo isso é feito com muita cautela para que a pessoa possa tomar uma decisão informada.


Wanderson acredita que houve uma evolução significativa nas discussões sobre identidade de gênero e orientação sexual. Antes, era um grande tabu, as pessoas não queriam falar sobre isso. Porém, é um tópico que tem ganhado muito espaço, principalmente na mídia, que se torna um espaço de discussão e conscientização. A Psicologia também contribui bastante, pois somos uma ciência que se personifica em cuidados com os indivíduos, e nunca poderemos corroborar com qualquer tipo de preconceito e opressão.


A entrevista com o psicólogo Wanderson Arão nos oferece uma visão aprofundada sobre identidade de gênero e orientação sexual, destacando a importância de compreender e respeitar essas questões. A luta contra o preconceito e a busca por aceitação são desafios contínuos, mas com profissionais dedicados como Wanderson, há esperança de um futuro mais inclusivo e compreensivo para todos.


Terapia em Foco - Bem de Mente

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